A.A. não é religioso.
Um equívoco comum sobre Alcoólicos Anônimos é que somos uma organização religiosa. O fato de que grupos de A.A. muitas vezes alugam espaço em igrejas, e que a probabilidade de se ouvir uma oração no início ou ao final de uma reunião, somados ao texto de nossos livros mais antigos, pode cimentar ainda mais esta impressão.
No entanto, os membros pioneiros de A.A. perceberam que seu único propósito deveria ser ajudar as pessoas a alcançarem a sobriedade, e não mediram esforços para garantir a mais ampla adesão entre todos os que sofrem de alcoolismo.
A.A. não é uma organização religiosa. Alcoólicos Anônimos tem apenas um requisito para ser membro, que é o desejo de parar de beber. Muitos membros acreditam em algum tipo de deus, e outros não.
Temos uma ideia simples de que não controlamos nossa vida, mas mantemos a esperança que, apesar disso, poderemos recuperar a sanidade e alcançar uma vida digna, útil e feliz.
Nas reuniões de A.A., os temas espirituais são frequentemente destacados na partilha pessoal dos membros ou em leituras. Mas, embora possa haver referências a "Deus" e "poder superior" na literatura de A.A. e nas reuniões, a essência do programa de A.A. é um alcoólico ajudando outro. Os membros descobrem que podem ficar sóbrios quando procuram um poder maior do que eles mesmos para ajuda-los, o que é parte do programa de A.A., seja ele um deus, princípios espirituais, a natureza ou a própria sociedade de seus iguais. Há total liberdade para cada pessoa determinar essas questões.
Como os líderes espirituais veem A.A.
Desde o início de sua história, Alcoólicos Anônimos tem contado com a apreciação positiva de vários líderes espirituais.
Sua Santidade o Papa Bento XVI
“Meu pensamento vai agora a muitas outras instituições do mundo inteiro que trabalham para restituir a vida, e vida nova, a estes nossos irmãos presentes na nossa sociedade, e que Deus ama com um amor preferencial. Penso também nos muitos grupos de Alcoólicos Anônimos e de Narcóticos Anônimos, e na Pastoral da Sobriedade, que já trabalha em muitas comunidades, prestando seus generosos auxílios em favor da vida.” (Discurso em encontro com a comunidade na Fazenda da Esperança, em maio de 2007, durante a viagem apostólica ao Brasil, por ocasião da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe).
Dr. Samuel Shoemaker, que foi o reitor da Igreja do Calvário em Nova Iorque e um antigo amigo não alcoólico de A.A.
"Os Doze Passos são um dos grandes resumos e coleções orgânicas de verdade espiritual conhecidos pela história. Eles têm uma relevância quase universal."
Rabino Dr. Abraham J. Twerski, hassídico americano escritor de livros judaicos, psiquiatra especializado em abuso de substâncias, fundador do Centro de Reabilitação Gateway nos EUA e do centro de reabilitação Shaar Hatikvah em Israel
“Alcoólicos Anônimos não é uma religião e não pode tomar o lugar da religião.”
Reverendo George Little, ministro da Igreja Unida de Toronto, que ajudou a fundar A.A. no Canadá, em 1943
"[Os membros de A.A.] trabalham pensamentos, desejos, atitudes, relacionamentos, propósitos e hábitos. Eles concordam que o problema de raiz está no pensamento, não na bebida." (do artigo "O Conceito de Deus em Alcoólicos Anônimos")
Imã Ph.D. Shabir Ally, pregador nascido na Guiana que vive no Canadá, presidente do Centro Internacional de Informação & Da’wah em Toronto e autor de vários textos sobre a exegese do Alcorão
“Não há nada dentro dos Passos que seja contrário à fé muçulmana.”
Muito Reverendo Ward Ewing, pároco episcopal, decano aposentado do Seminário Teológico Geral em Nova York e ex-curador não alcoólico do Conselho de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos
Ele acredita que é muito importante dar um tom na congregação de que o alcoolismo não é nada para se envergonhar e que há uma solução: "Há sempre pessoas à porta que ainda não estão prontas para entrar, mas indicando pela sua postura que querem ajuda para si ou para um familiar". Sempre fez com que a informação sobre o alcoolismo fizesse parte da educação de adultos em suas paróquias. “Todo ministro que é também um conselheiro pessoal tem que lidar com casos de alcoolismo. [...] Eu [....] recomendo a todos os rabinos, sacerdotes e ministros que se familiarizem com este movimento, se beneficiem eles mesmos de sua ajuda e incentivem os grupos que podem estar se formando em sua comunidade.” E é muito aberto sobre seu envolvimento com Alcoólicos Anônimos e se coloca à disposição para trabalhar com quem precisa de ajuda. "Sem dúvida, os Doze Passos estabelecem um programa espiritual, mas é uma espiritualidade baseada na experiência, não na doutrina. Central na espiritualidade de A.A. é o mistério... mistério no milagre das vidas mudado seguindo estes princípios simples."
Dr. Bob, cofundador de Alcoólicos Anônimos e editor do Akron Pamphlet
“A vida espiritual não é de modo algum um monopólio cristão... Considere o programa de oito partes estabelecido no budismo: visão correta, objetivo correto, discurso correto, ação correta, vida correta, esforço correto, mente correta e contemplação correta. A filosofia budista, como exemplificado por esses oito pontos, poderia ser literalmente adotada por AA como um substituto ou em adição aos Doze Passos. Generosidade, amor universal e bem-estar dos outros, em vez de considerações sobre si mesmo, são básicos para o budismo.” (em “Spiritual Milestones in Alcoholics Anonymous”, de 1940)
Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade
“No segundo passo, decidimos descrever Deus como um ‘Poder superior a nós mesmo’. Nos Passos Três e Onze inserimos as palavras ‘Deus, na forma em que O concebíamos’. Do sétimo passo, excluímos a expressão ‘de joelhos’. E, como frase de conclusão de todos os passos, escrevemos estas palavras: ‘Aqui estão os passos que demos, que são sugeridos como um programa de recuperação’. Os Doze Passos de AA deveriam ser apenas sugestões. Tais eram as concessões finais aos de pouca fé; esta foi a grande contribuição de nossos ateus e agnósticos. Eles ampliaram nossa porta de entrada para que todos os que sofrem possam passar, independentemente de sua crença ou falta de crença." (na página 167, em 1957)
Sua Excelência o Arcebispo Enrico, Delegado Apostólico na Grã Bretanha
Em 1971, ele falou na reunião da Convenção Europeia de A.A. em Bristol, e sugeriu que a Irmandade deveria considerar o envio de uma delegação ao Vaticano (que, segundo ele, estava mal familiarizada com seu trabalho). Aceitando a sugestão e agindo rapidamente, um A.A. da Irlanda e outro da Inglaterra viajaram juntos para Roma alguns meses depois. Com a ajuda do reitor do Colégio Inglês, eles organizaram encontros com vários funcionários do Vaticano, que culminaram em uma audiência privada com o papa Paulo VI - algo que os dois A.A.s não tinham motivos para esperar. "O Papa nos saudou graciosamente, não apenas por nossa causa, mas pelo trabalho de Alcoólicos Anônimos em que estávamos engajados, que ele descreveu como um belo trabalho", escreveu um dos visitantes na edição de março de 1972 da The Furrow (uma revista irlandesa que cobre questões da Igreja Católica). O Papa presenteou os visitantes com a Medalha Papal da Ordem do Bom Pastor, que foi levada para Nova Iorque em 1984 e está em exposição no Arquivo do G.S.O.
Pastor Dr. Harry Emerson Fosdick, da Riverside Church de Nova York e um dos primeiros amigos de A.A. na religião, e autor de uma das primeiras revisões do livro Alcoólicos Anônimos, em abril de 1939
“Este livro extraordinário merece a atenção cuidadosa de qualquer pessoa interessada no problema do alcoolismo.”, "Os encontros de Alcoólicos Anônimos são o único lugar, até onde eu sei, onde católicos romanos, judeus, todos os tipos de protestantes e até agnósticos convivem harmoniosamente... Eles não falam de teologia. Muitos deles diriam que não sabem nada sobre isso. O que eles sabem é que, em seu total desamparo, foram apresentados a um Poder, maior do que eles mesmos, em contato com o qual encontraram um forte recurso, que possibilitou uma vitória que parecia incrível. Tenho ouvido muitas discussões sábias sobre Deus, mas para uma boa e honesta evidência experimental de Deus, de Seu poder apropriado a cada um e de Sua realidade indubitavelmente assegurada, dê-me um bom encontro de A.A.!"
Millati Islami World Services
Em 1989, alcoólicos muçulmanos em Baltimore em busca de recuperação desenvolveram o Millati Islami (o Caminho da Paz), um programa que integra os Doze Passos com as crenças, práticas e normas muçulmanas da sociedade muçulmana.
revista episcopal The Living Church
"A base da técnica de Alcoólicos Anônimos é o princípio verdadeiramente cristão segundo o qual um homem não pode ajudar-se a si mesmo a não ser ajudando os outros. Autosseguro é o nome que os próprios membros de A.A. dão a seu plano de ação. Este autosseguro tem resultado no restabelecimento da saúde física, mental e espiritual, bem como da dignidade, de centenas de homens e mulheres que, não fosse por esta terapêutica singular e eficiente, estariam irremediavelmente perdidos." (em Editorial).
Padre Edward Dowling, jesuíta de St. Louis, Missouri, que mais tarde se tornou o padrinho espiritual de Bill W., foi um dos primeiros apoiadores não alcoólicos de A.A. e editor da revista The Queen's Work
"Alcoólicos Anônimos é natural no ponto em que a natureza mais se aproxima do supranatural, ou seja, em humilhação e em consequente humildade. Um museu de arte ou uma sinfonia têm algo de espiritual e a Igreja Católica aprova seu uso por nós. A.A. também tem algo de espiritual e a participação católica nela resulta, quase invariavelmente, na transformação de maus católicos em melhores." (em artigo de 1945, na revista); "Esses Doze Passos são a verdadeira potência espiritual de A.A.” (uma entrevista de 1947, mais tarde publicado pela revista)
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Baseado em trechos extraídos do livro Alcoólicos Anônimos e dos folhetos The “God” Word - Agnostic and Atheist Members in A.A. (2018), Many Paths to Spirituality (2014), Faith Leaders Ask About Alcoholics Anonymous (2021), The Clergy and Alcoholics Anonymous (Box 459, Markings, Vol. 24, No 2, May-June 2004), direitos autorais de Alcoholics Anonymous World Services, Inc.; publicado com permissão.
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