Discussão perante a Sociedade Médica do Estado de New York
Dr. Foster Kennedy - Médico
O primeiro psiquiatra a comparecer à Academia de Medicina de New York para explicar o que era A.A. perante seu departamento neurológico.
Em essência, estas foram suas palavras:
Em A.A. vemos um número incomum de forças sociais e psicológicas trabalhando juntas no problema alcoólico. Apesar de reconhecer isso totalmente, ainda não podemos explicar a rapidez dos resultados.
A.A. faz em semanas ou meses o que deveria ser feito em anos. Não somente faz de repente parar de beber, mas grandes mudanças na motivação do alcoólico seguem-se dentro de poucas semanas ou meses. Há alguma coisa no funcionamento de A.A. que não compreendemos. Chamamos a isso "o fator X".
Não tenho dúvida de que um homem que se recuperou do desejo ardente pelo álcool tenha uma força muito maior para recuperar alguém do alcoolismo do que um médico que nunca sofreu do mesmo mal.
Não importa quão simpático e paciente o médico possa ser, na maneira de lidar com seu paciente, este está certo de sentir ou imaginar, com toda segurança, a condescendência para com ele ou a noção de que está sendo apontado como um dos profetas menores.
Essa organização de Alcoólicos Anônimos recorre a dois dos maiores reservatórios de força conhecidos pelo homem, a religião e aquele instinto de associação com os companheiros que Trotter chamou de "instinto gregário".
A fé religiosa foi descrita por Matthew Arnold como uma crença convincente num Poder Superior que nos leva a fazer o bem, e daí uma sensação de utilidade pode ser adquirida através de um tipo de conversão espiritual que poderia mui-to bem ser chamada de uma variedade da experiência religiosa.
A associação do homem doente com aqueles que, tendo sido doentes, foram ou estão sendo recuperados, é uma sugestão terapêutica de cura e a eliminação da sensação de ser, na sociedade, um pária; e esse esvaziamento das forças profundas e internas é mostrado pelo enorme crescimento desse forte e benéfico movimento. Além disso, esse movimento fornece um objetivo de alto poder emocional, ao fazer de cada bêbado recuperado um missionário para levar a mensagem a outros doentes.
Nós, os médicos, acredito, sempre tivemos dificuldade para encontrar uma ocupação, para nossos pacientes convalescentes, que tivesse suficiente poder emocional para substituir os resultados psíquicos do álcool que foram retirados.
Esses homens cresceram cheios de um entusiasmo sagrado e seu verdadeiro zelo mantém o missionário imutável, enquanto o próximo homem está sendo curado.
Acho que nossa profissão deve tomar conhecimento dessa grande arma terapêutica. Se assim não fizermos, permaneceremos convencidos da esterilidade emocional e de ter perdido a fé que move montanhas, sem a qual a medicina pouco pode fazer.
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